O mercado de criptomoedas vem ganhando cada vez mais espaço no Brasil, impulsionado pela busca por alternativas de investimento e pela popularização de ativos digitais. Diante desse cenário, muitos investidores têm buscado formas mais acessíveis e regulamentadas de exposição a esse mercado — e é aí que entram os ETFs de criptomoedas. Esses fundos funcionam como uma ponte entre o universo volátil das moedas digitais e o mercado tradicional, oferecendo uma opção mais segura para quem deseja diversificar a carteira sem lidar diretamente com exchanges ou carteiras de criptoativos.
Se você está considerando essa alternativa, vale a pena explorar a fundo como esses ETFs funcionam, quais as vantagens em relação ao investimento direto e se eles se alinham com seus objetivos financeiros. Para ajudar nessa decisão, preparamos um guia completo com tudo o que você precisa saber antes de incluir ETFs de criptomoedas na sua carteira.

O que é um ETF de criptomoedas?
Um ETF (Exchange Traded Fund) de criptomoedas funciona como um fundo negociado na bolsa de valores que replica o desempenho de ativos digitais, como Bitcoin e Ethereum. No Brasil, esses fundos são regulados pela CVM e negociados na B3, oferecendo uma maneira prática de investir sem lidar diretamente com carteiras digitais ou exchanges.
Na prática, quando você compra um ETF de criptomoedas, está adquirindo cotas de um fundo gerido por uma instituição financeira que se encarrega de comprar e armazenar os ativos digitais. Assim, você participa da valorização das criptomoedas sem precisar gerenciá-las diretamente.
Como funcionam os ETFs de criptomoedas?
O funcionamento desses ETFs segue uma estrutura simples. Primeiramente, uma gestora como Hashdex ou QR Asset administra o fundo, comprando criptomoedas ou seguindo índices específicos, como o Nasdaq Crypto Index.
Em seguida, os investidores compram cotas do ETF através de corretoras, durante o horário de funcionamento da bolsa de valores. É importante destacar que existem custos associados, incluindo taxas de administração (que variam de 0,25% a 1,3% ao ano), taxas de corretagem e impostos sobre ganhos de capital.
Principais ETFs de criptomoedas disponíveis no Brasil
Atualmente, o investidor brasileiro tem várias opções de ETFs de criptomoedas:
- HASH11: Gerido pela Hashdex, investe em uma cesta diversificada de criptomoedas seguindo o Nasdaq Crypto Index.
- BITH11: Focado exclusivamente em Bitcoin, é administrado pela Hashdex.
- QBTC11: Também focado em Bitcoin, gerido pela QR Asset.
- ETHE11: Concentrado em Ethereum, administrado pela Hashdex.
- QETH11: Focado em Ethereum, gerido pela QR Asset.
- CRPT11: Administrado pela Empiricus Investimentos, foca nas 20 principais criptomoedas do mercado.
- ETF de XRP: Lançado em 2025 pela Hashdex, foi o primeiro ETF spot de XRP no mundo.
Vantagens de investir em ETFs de criptomoedas

Os ETFs oferecem diversos benefícios para quem deseja exposição ao mercado cripto. Primeiramente, proporcionam facilidade de acesso, pois não exigem conhecimentos técnicos sobre carteiras digitais ou exchanges. Basta ter uma conta em uma corretora que opere na B3.
Além disso, esses fundos trazem maior segurança por serem regulados pela CVM, oferecendo transparência e proteção contra fraudes. Os ativos são armazenados por custodiantes profissionais, reduzindo riscos de ataques cibernéticos.
Outra vantagem significativa é a diversificação. Fundos como o HASH11 investem em várias criptomoedas, diluindo o risco de depender de um único ativo em um mercado conhecido por sua volatilidade.
A liquidez também é um ponto positivo, já que as cotas podem ser compradas ou vendidas facilmente durante o pregão, assim como ações. Por fim, muitos ETFs apresentam custos competitivos em comparação com as taxas cobradas por exchanges, especialmente para pequenos investidores.
Riscos e desvantagens dos ETFs de criptomoedas
Apesar das vantagens, é fundamental considerar os riscos antes de investir. O primeiro e mais evidente é a alta volatilidade do mercado de criptomoedas, com oscilações bruscas que podem resultar em perdas significativas em curtos períodos.
Uma limitação importante é o horário restrito de negociação. Enquanto exchanges operam 24 horas por dia, 7 dias por semana, os ETFs só podem ser negociados durante o horário da bolsa (geralmente das 10h às 17h), o que pode fazer você perder oportunidades de compra ou venda.
Quanto aos custos, as taxas de administração, corretagem e emolumentos podem reduzir a rentabilidade, especialmente em investimentos de longo prazo. Por exemplo, um ETF com taxa anual de 1% consumirá R$ 1.000 em 10 anos para cada R$ 10.000 investidos.
A tributação também merece atenção. Os ganhos com ETFs são tributados em 15% (ou 20% para day trade), sem a isenção para vendas até R$ 20.000 que existe para ações. Em contraste, operações diretas em exchanges têm isenção até R$ 35.000 mensais.
Por fim, alguns ETFs podem apresentar baixa liquidez, dificultando a venda das cotas ou afetando o preço de negociação.
Desempenho recente e perspectivas para 2025
Os ETFs de criptomoedas têm mostrado resultados impressionantes. Em 2023, o fundo WEB311 da Hashdex valorizou quase 150%, segundo a Economatica. Outros, como QBTC11 e BITH11, registraram ganhos acima de 100%.
Em 2025, o Brasil marcou história com a aprovação do primeiro ETF spot de XRP do mundo, gerido pela Hashdex. A aprovação de ETFs spot de Bitcoin nos EUA em 2024 também trouxe legitimidade, atraindo investidores institucionais (Bloomberg).
Para 2025, especialistas preveem novos ETFs, como de Solana, e impactos do halving do Bitcoin. Contudo, rentabilidade passada não garante resultados futuros.
ETF de criptomoedas ou compra direta: qual escolher?
A decisão entre investir em ETFs ou comprar criptomoedas diretamente depende do seu perfil e objetivos. Os ETFs oferecem maior facilidade, segurança regulatória e diversificação, sendo ideais para investidores mais conservadores ou que preferem não lidar com a complexidade das exchanges.
Por outro lado, a compra direta proporciona controle total sobre os ativos, negociação 24/7 e vantagens tributárias, com isenção para vendas mensais até R$ 35.000. Essa opção é mais adequada para investidores com perfil agressivo, que se sentem confortáveis com riscos e preferem gerenciar suas próprias estratégias.
Como investir em ETFs de criptomoedas: passo a passo
Se você decidiu investir em ETFs de criptomoedas, siga estes passos:
- Defina seu perfil de risco: Avalie quanto está disposto a arriscar. Especialistas recomendam alocar no máximo 5% a 10% do portfólio em criptomoedas.
- Escolha uma corretora: Opte por instituições confiáveis que operem na B3, como XP, Rico ou BTG Pactual, verificando as taxas de corretagem.
- Pesquise os ETFs: Analise o foco do fundo e a gestora, consultando o prospecto para entender taxas e riscos.
- Abra uma conta: Crie uma conta na corretora, envie os documentos necessários e transfira fundos.
- Compre as cotas: Acesse o home broker, busque o ticker do ETF (ex.: HASH11) e compre a quantidade desejada.
- Acompanhe o investimento: Monitore o desempenho regularmente e esteja preparado para oscilações.
- Gerencie tributos: Calcule os ganhos de capital e pague o imposto devido via DARF até o último dia útil do mês seguinte à venda.
Vale a pena investir em ETFs de criptomoedas?
A resposta varia conforme o perfil do investidor. Por um lado, esses ETFs oferecem praticidade, segurança regulatória e potencial de altos retornos, como demonstrado pelo desempenho recente de fundos como HASH11 e QBTC11. A tendência de crescimento do mercado e a aprovação de novos ETFs também são pontos positivos.
Por outro lado, o risco elevado, os custos acumulados ao longo do tempo e as limitações operacionais podem ser obstáculos para alguns investidores. A volatilidade do mercado de criptomoedas pode levar a perdas significativas, especialmente no curto prazo.
Dicas finais para investir em ETFs de criptomoedas
Para tomar uma decisão mais informada, considere estas recomendações:
- Diversifique seus investimentos: Não coloque todo seu capital em ETFs de criptomoedas. Combine com renda fixa e ações para equilibrar o risco.
- Estude o mercado: Busque materiais educativos sobre criptomoedas e ETFs para entender melhor esse universo.
- Consulte especialistas: Um assessor financeiro pode ajudar a alinhar o investimento aos seus objetivos.
- Invista com disciplina: Aporte valores que não comprometam sua segurança financeira e evite decisões emocionais.
Conclusão
Os ETFs de criptomoedas representam uma porta de entrada acessível e regulada para o universo dos ativos digitais, com potencial de retornos expressivos, como visto em 2023 e no início de 2025. No entanto, a alta volatilidade, os custos e as limitações operacionais exigem cautela.
Se você busca praticidade e diversificação, ETFs como HASH11 ou CRPT11 podem ser uma boa escolha. Porém, se prefere controle total e está disposto a enfrentar os desafios das exchanges, a compra direta pode ser mais vantajosa.
Antes de investir, avalie seu perfil, pesquise os fundos disponíveis e, se possível, busque orientação profissional. O mercado de criptomoedas mostra-se promissor, mas exige estratégia e paciência para navegar suas ondas.